A pouco mais de cinco meses da data prevista para a cerimônia de abertura da Olimpíada de Tóquio, em 23 de julho, seus organizadores começaram a divulgar diretrizes sobre como realizar os Jogos durante a pandemia de Covid-19.
Até então, o comitê de organização local e o COI (Comitê Olímpico Internacional) sustentavam que o megaevento, adiado de 2020 para 2021, acontecerá na nova data marcada, sem no entanto falar abertamente sobre protocolos sanitários, orientações e regras que os milhares de participantes precisarão cumprir no Japão.
Os chamados playbooks, guias divulgados nas últimas semanas com informações voltadas para atletas, oficiais de delegação e imprensa, são apenas o primeiro esboço. Apesar de os documentos ainda deixarem muitas dúvidas em aberto, o lançamento deles foi comemorado por comitês nacionais.
O dirigente prega paciência, serenidade e flexibilidade para encarar a edição olímpica mais desafiadora da história, com regras que poderão mudar a todo tempo. Basta ver o exemplo do torneio de tênis Australian Open, que na semana passada precisou mandar o público para casa em meio à rodada após a decretação de um lockdown pelo governo de Victoria, onde fica Melbourne.
"Tem uma série de situações do dia a dia que ainda permitem diversas interpretações. Você está proibido de sair da vila ou é recomendado? Existe punição, de qual tipo? A gente tem responsabilidade com a equipe brasileira, mas vai conviver com nações que podem ser mais rígidas ou menos rígidas. Como será esse trato?", questiona Bichara.
As preocupações vão desde orientar o preenchimento correto de um aplicativo de uso obrigatório para visitantes no Japão até montar um histórico detalhado sobre a saúde de cada atleta. Não só saber quem já teve Covid-19, mas quando e qual foi a resposta imunológica daquela pessoa ao vírus.
O diretor entende que um dos pontos que precisará ser detalhado e discutido entre os comitês é como tratar a possibilidade de alguém receber diagnóstico da doença por causa de fragmentos de coronavírus referentes a infecções antigas. Os guias não abordam essa questão e preveem isolamento de 14 dias em caso de testes positivos.
Para lidar com todos esses assuntos, o COB já trabalha com infectologistas em sua equipe e planeja ter no Japão uma equipe médica dedicada apenas aos temas relacionados à Covid-19, separada do corpo de profissionais habituais especializados em outras áreas.
O comitê também discute revisões no planejamento para as nove bases com quem firmou contrato há anos para períodos de aclimatação, hospedagem e treinamento no Japão: Chiba, Enoshima, Hamamatsu, Sagamihara, Miyagase, Saitama, Ota, Koto e Chuo.
O Mundial masculino de handebol, realizado em janeiro no Egito, foi a primeira competição coletiva desse porte desde o início da pandemia.
O Brasil, que se preparava em Portugal para o torneio com suporte do COB, registrou testes positivos de três atletas e cinco membros da comissão técnica antes do embarque para o país africano. Outras três seleções tiveram que abandonar o campeonato, uma delas já em meio à disputa.