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Reunião anual

É preciso engajar o jovem no debate político, diz presidente da CNBB

Isabel Gnaccarini - Folhapress
24 abr 2024 às 19:09
- Agência CNBB
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A cidade de Aparecida (SP) recebeu na última semana mais uma reunião anual da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), e o tema central da 61ª Assembleia Geral foram as novas orientações pastorais para a Igreja no Brasil, a partir das diretrizes gerais para os católicos do mundo todo.

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Vindos de todas as regiões do país, os 442 clérigos presentes trabalharam as novas posições que estão sendo definidas no Vaticano diante do diagnóstico da realidade brasileira, de desigualdade social e polarização política.

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Iniciada em 10 de abril e encerrada no dia 19, a assembleia teve a presença do secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, que assumiu a função de pregador espiritual nos dois primeiros dias de Retiro dos Bispos. O mensageiro do papa Francisco veio ao país orientar o Caminho Sinodal, que deve ser inspirado em três eixos: comunhão, participação e missão.


Reunidos no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, no complexo do Santuário de Nossa Senhora, os bispos e arcebispos brasileiros buscaram desenhar as novas diretrizes para a ação evangelizadora da Igreja no país inspirados por aquilo que está sendo urdido no Vaticano, afirmou o presidente da CNBB, arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler.

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Desde o início dos trabalhos, houve uma nítida preocupação da instituição em se expressar mais claramente sobre a missão evangelizadora da Igreja católica no sentido de engajar os fiéis nos três eixos citados. E ficou clara a preocupação diante dos fundamentalismos.


Do lado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin repetiu que o maior desafio está na crescente secularização na América Latina, cujo papel da religiosidade popular é destacado. A responsabilidade da cúria diante da perda da fé é ainda maior nos locais de grande espiritualidade, como é o caso do Brasil, segundo o mensageiro do papa. Uma das propostas no horizonte é atuar no engajamento dos jovens, que também devem ser incentivados à atividade política, atualmente desacreditada.

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PERGUNTAO cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, conversou com o presidente Lula sobre como implementar o acordo entre Santa Sé e Brasil a respeito da liberdade de expressão religiosa. O que o senhor poderia nos dizer sobre isso?


DOM JAIME SPENGLER O Estado é laico e isso é uma conquista. Agora, o Estado como tal respeita todas as expressões religiosas. É verdade que o Brasil tem um acordo com a Santa Sé, ou seja, é um acordo entre dois Estados, e eu creio que o acordo mesmo favorece também as outras expressões religiosas. É uma garantia, de alguma forma, dessa liberdade religiosa que todos nós almejamos.

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É verdade que temos aspectos, no âmbito religioso da sociedade, que nos desafiam e que merecem aprofundamento. E naquilo que nós pudermos colaborar para promover essas liberdades, seja no aspecto do Estado laico, nós estamos juntos, seja também no sentido de compreender mais e melhor a importância da dimensão religiosa, que faz parte da vida de todo ser humano, no contexto da sociedade.


P. - Mas, com o fato de o avanço da extrema-direita estar ancorado na religião cristã, no Brasil e no mundo, como a Igreja lida oficialmente com o problema, e também como os bispos se colocam no dia a dia?

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DJS - Eu diria que no diálogo político, propriamente dito, direita e esquerda se complementam, desde que estejam focadas naquilo que nós denominamos o bem comum. Talvez quando a senhora cita a extrema-direita, influenciada pela religião, estejamos falando de um fundamentalismo religioso. E o fundamentalismo, o próprio termo já diz, é perigoso. E aí, eu creio que nós como sociedade precisamos estar muito atentos. Os fundamentalismos, seja de um lado seja de outro, não ajudam na promoção do convívio social.


O fundamentalismo é algo, eu diria assim, que nos preocupa e nos desafia, de alguma forma, a pensar ainda mais radicalmente em que consiste a missão, e o trabalho de cada cidadão, no âmbito da política. Nós precisamos resgatar entre nós a atividade política. Nós somos essencialmente seres políticos, independentemente de credos religiosos.

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Agora, o fundamentalismo sim, isso nos preocupa e nos impele a pensar o que compete a cada um de nós como seres religiosos, mas também como seres em sociedade.



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P. - É possível perceber nas posturas do papa Francisco uma proposta de reencantar a política de um modo geral. Nesse sentido, o fundamentalismo religioso não seria um aprofundamento do desencantamento?


DJS - Nós temos, de alguma forma, que ajudar os nossos jovens a verem a atividade política ou o engajamento no debate político como algo necessário e salutar. Infelizmente, no Brasil, nós caímos numa espécie de descrédito da atividade política, do debate político, por razões diversas.
Mas é através do debate político no Estado democrático de direito que nós podemos cooperar para construir uma sociedade mais justa e uma sociedade mais integrada e integradora. Eu creio piamente que devemos, sim, incentivar, apoiar e estar juntos com os jovens em vista de um engajamento maior nessa atividade fundamental para o futuro da própria sociedade.


P. - Poderia nos dar uma visão geral sobre a paleta de preferências políticas que há entre o total dos 486 bispos brasileiros? Há esse diagnóstico?


DJS - Bom, eu poderia responder que todos os bispos, cada um de nós, somos seres envolvidos na sociedade, e como homens que vivem na sociedade, também têm suas posições políticas, isso é natural. Agora, para além de partidarismos ou de orientações, nós devemos e somos chamados a ser sobretudo homens do Evangelho.


O que deve pautar as escolhas e as manifestações de cada um, eu creio, é o Evangelho, pois o Evangelho é, por assim dizer, a referência maior. A outra referência é a Doutrina Social da Igreja. A Igreja possui uma tradição em termos de doutrina social muito rica e que precisa também ser melhor conhecida e divulgada.


P. - A encíclica socioambiental Laudato Si' foi a primeira da Igreja no tema ecológico e surpreendeu pelo interesse dispensado ao texto. Como a Igreja brasileira participará da COP30?


DJS - Essa questão tem dois vieses com os quais estamos muito envolvidos. O primeiro aspecto vem da experiência da fé -as Sagradas Escrituras nos dizem que, quando Deus terminou a criação, ele viu que tudo era muito bom e precisava de cuidados; depois, com a experiência da fé cristã, entendemos que toda a criação participa da redenção. Então, tudo aquilo que é criado merece o cuidado, a atenção e a promoção dos homens.


O outro aspecto vem a partir da ética, nós estamos colhendo sinais de todos os lados que nos apontam para a necessidade da urgência no cuidado para com o meio ambiente. E não faltam sinais de que o próprio ambiente está pedindo socorro: nós não podemos permanecer surdos diante desses gritos que nos chegam da Terra, da natureza ou do meio ambiente. No fundo, o que está em jogo é: que casa comum, que ambiente nós queremos deixar para as futuras gerações, para os filhos e netos?


Ainda temos a possibilidade de tomar decisões corajosas em vista do cuidado. A COP30 é, assim, uma oportunidade privilegiada e que, como evento de nível universal a ser realizado aqui no Brasil, eu creio, põe em destaque ainda maior a necessidade do cuidado com a casa comum. Nós certamente temos aqui uma responsabilidade no evento, seja como brasileiros, seja como Igreja. E certamente não vamos nos omitir, ainda mais que possuímos a maior floresta tropical. O que está em jogo é o futuro do planeta.


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